Fava (Exu e Orobô)

Provavelmente você já conhece a fava de exu e de orobô, mas você conhece as plantas que as originam? Continue a ler!

  • Fava de exu

A fava de exu é conhecida como unha de pombagira ou garra de exu. Ela ganha esse nome em português, porque é muito utilizada em assentamentos de exu e rituais das religiões de matriz africana, como umbanda e candomblé.  Em inglês, é chamada de garra de tigre ou de gato (cat’s claw ou tiger’s claw), ou até mesmo garra do diabo (devil’s claw), embora esse seja o nome de outra espécie. 

Garra do diabo (Harpagophytum procumbens)
Garra de exu (Martynia Annua)

A fava de exu é uma cápsula de madeira que abriga as sementes da planta de nome científico Martynia Annua, nativa de regiões tropicais e subtropicais da América Central, principalmente do México e do Caribe. Também é muito comum encontrá-la pela Índia, na Birmânia (país asiático que faz fronteira com a Índia) e no oeste do Paquistão. A fava de exu é o fruto seco, que consiste em uma cápsula de madeira que se abre na ponta em duas “garras” afiadas e curvas. Elas produzem cápsulas de sementes que se prendem às patas e pernas de grandes animais, o que faz com que a planta seja disseminada. 

(foto)

Na medicina tradicional indiana, chamada de medicina Ayurveda, essa planta é conhecida como kakanasika e é utilizada para o tratamento de epilepsia, inflamação e tuberculose (aplicado diretamente na garganta). Uma pesquisa identificou, na planta, atividades analgésicas, antibacterianas, anticonvulsivante, antifertilidade, antioxidante, anti diabética, cicatrizante, entre outras. 

A fava de exu é super versátil. Os frutos são úteis contra envenenamento, principalmente por picadas de escorpião, e também contra inflamações. As cinzas dos frutos, entretanto, quando misturadas com óleo de coco, podem ser aplicadas em queimaduras. O óleo da semente pode ser usado para coceira e doenças de pele, como abscessos (nódulos inchados com pus). As folhas são comestíveis e usadas como antisséptico e antiepiléptico, assim como também podem ser aplicadas diretamente nas glândulas na garganta; o suco das folhas pode ser usado para gargarejo contra dor de garganta e uma pasta feita das folhas é útil para curar feridas em animais domésticos.

Planta da garra de exu

Além disso, a Farmacopeia Ayurvédica da Índia recomenda a semente da Martynia annua como prevenção de cabelos grisalhos. 

  • Fava de orobô

O orobô, também conhecido como fava de orobô, é uma planta conhecida como “cola amarga” (nome científico Garcinia kola) e é nativa da África central e oeste. Também chamada de “planta maravilhosa”, pois todas as suas partes podem ser aproveitadas medicinalmente. As sementes são a parte mais valiosa da árvore e são comumente ingeridas para prevenir e curar problemas gástricos. Há evidências de que componentes das sementes podem servir como tratamento alternativo para tratar ou prevenir doenças severas como malária, hepatite e doenças imuno destrutivas. Embora seja uma planta tão versátil e conhecida, é difícil achar informações básicas sobre sua diversidade, distribuição, genética ou botânica.

Planta e fruto da cola amarga.

A planta do orobô é encontrada em boa parte da África, como no país de Benin, Camarões, Gâmbia, Congo, Costa do Marfim, Mali, Gabão, Gana, Libéria, Nigéria, Senegal e Serra Leoa. Seu habitat natural é em clima subtropical. 

As sementes são mastigadas para obter os benefícios contra os transtornos gástricos. O fruto, as sementes e a casca da planta têm sido utilizados há séculos pela medicina tradicional para tratar doenças, como tosse e febre. O orobô é usado por curandeiros tradicionais que acreditam que a planta tem propriedades purificantes, antiparasitas e antimicrobianos. As sementes são aproveitadas para o combate a problemas no fígado, bronquite, infecção de garganta, cólica, resfriados e tosse. Além disso, também apresentou alguns efeitos contra o crescimento do vírus Ebola em testes de laboratório. 

As nozes são oferecidas em sinônimo de hospitalidade e de boas vindas a visitantes e também são apreciadas como petisco juntamente com cerveja ou vinho de palma.

Noz da cola amarga (conhecida como fava de orobô)

A casca da árvore é usada de um jeito similar ao das sementes, mas principalmente para curar dor abdominal e malária. Além do valor medicinal, a casca também serve para a produção de vinho de palma, pois acredita-se que realça o sabor tão bem quanto o conteúdo alcoólico da bebida tradicional. Em alguns países, como Gana, os galhos e raízes são utilizados para a higiene dental. As folhas podem ser utilizadas para preparar uma infusão que cura a febre. Embora o orobô seja considerado uma planta medicinal, as sementes são normalmente consumidas cruas, em sua forma bruta.


Fontes: 

Martynia annua: An Overview. Rameshroo Kenwat, Pushpa Prasad, Trilochan Satapathy, Amit Roy. Department of Pharmacology, Columbia Institute of Pharmacy, Raipur, India.

https://identify.plantnet.org/pt-br/the-plant-list/species/Martynia%20annua%20L./data

https://www.gbif.org/pt/occurrence/gallery?taxon_key=3172618

Martynia annua L.: A Review on Its Ethnobotany, Phytochemical and Pharmacological. Ashwani K Dhingra1*, Bhawna Chopra, Sanjeev K Mittal, Volume 1 Issue 6, Online Available at www.phytojournal.com, Journal of Pharmacognosy and Phytochemistry

Medicinal Potential, Utilization and Domestication Status of Bitter Kola (Garcinia kola Heckel) in West and Central Africa. Forests. 2019. Anna Ma ˇnourová, Olga Leuner, Zacharie Tchoundjeu, Patrick Van Damme, Vladimír Verner, Ondˇrej Pˇribyl and Bohdan Lojka.

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