Maria de Padilla (15 de setembro de 1334 – Sevilha, julho de 1361) era filha de dois servidores da corte real de Castela. Ela conheceu Dom Pedro I de Castela por intermédio de João Afonso de Albuquerque, mordomo-mor de Maria de Portugal (rainha de Castela, mãe de Pedro I). Tornou-se, então, amante de Dom Pedro I de Castela e passou a influenciá-lo nas mais importantes decisões. Foi graças a Maria de Padilla, em 1353, que Dom Pedro I de Castela, na época jovem rei de 19 anos, escolheu governar como um autocrata e decidiu-se casar com Branca de Bourbon como forma de fortalecer os laços políticos entre Castela e França.
Mesmo contra a vontade, Branca de Bourbon, juntamente com seu séquito (grupo de pessoas que acompanhava a nobre), chegou na cidade de Valladolid, na Espanha, em 25 de fevereiro de 1353. Pedro, entretanto, estava a mais de 200km de distância, na cidade de Torrijos com Maria de Padilla, que estava prestes a dar à luz. No dia 3 de junho do mesmo ano, Branca e Pedro realizaram a cerimônia de casamento. Porém, 3 dias depois ele rompe a aliança com a França, abandona sua esposa e volta para sua amada Maria. (Supõe-se que a ideia de “trago seu amor de volta em 3 dias” surgiu dessa parte da história de Maria de Padilla).
Maria de Padilla e Pedro I partiram para Olmedo, município espanhol na província de Valladolid, onde casaram-se secretamente. O casal teve quatro filhos: Beatriz, Constança, Isabel e Afonso, príncipe herdeiro de Castela.
O par viveu com tranquilidade até os oponentes políticos do rei descobrirem e passarem a exercer pressão para que ele retomasse a relação com a primeira esposa. Ele não quis, manteve Branca de Bourbon bem longe, e, futuramente, ela morreu envenenada aos 25 anos.
Em 1361, Maria Padilha faleceu, vítima da peste bubônica. A princípio, a amante do rei é sepultada em Astudillo, no convento que ela mesma fundou.
Dizem que o rei nunca se conformou com essa morte prematura e um ano depois declarou, diante de todos os nobres da corte de Sevilha, que sua única e verdadeira esposa era Maria Padilla. Tanto fez, que o Arcebispo de Toledo acabou considerando procedentes as razões que o levaram a abandonar Branca de Bourbon, principalmente pelo conflito com os franceses. A corte também aceitou as declarações do rei.
Foi assim que Maria Padilha sagrou-se como a única esposa de Dom Pedro I de Castela, tornando-se a legítima rainha e exercendo seu poder e influência mesmo depois de morta. Seu corpo foi transportado para a Capela dos Reis, na Catedral de Sevilha, e seu túmulo é ainda hoje local de peregrinação.
Entretanto, há quem diga que a história ocorreu um pouco diferente. Segundo boatos, Maria Padilla, antes do casamento com o rei, teve contato com bruxos e bruxas alquimistas conhecedores de poções que facilitaram a paixão e, por isso, alguns dizem que foi por isso que Dom Pedro I ficou tão apaixonado por ela, a ponto de abandonar a antiga esposa e mandar matá-la. A história de Maria de Padilla teve muitas adversidades e os boatos de que ela seria uma feiticeira correram tanto que até Dom Pedro I de Castela foi acusado de feitiçaria. A partir daí, muitas lendas nasceram.
Uma das lendas foi que Padilla teve que fugir do território espanhol devido aos boatos de feitiçaria. A pedido do rei, ela se escondeu em Angola e lá teve acesso à religião Bantu e aos ensinamentos dos Ngangas. Mesmo que isso tenha ocorrido, não há possibilidade dela ter sido extraditada ao Brasil se a história narra que faleceu de peste bubônica em 1361.
Outra lenda conta que, após a sua morte, Padilha reencarnou na Espanha e veio morar em Ilhéus, na Bahia. Lá teve contato com as energias do Cabaré e acabou falecendo assassinada. As lendas podem ter alguns pontos de verdade, mas não podem ser levadas à risca.
Não há provas de que alguma entidade Maria Padilha seja a Maria de Padilla de fato ou se foi apenas uma inspiração acerca dos boatos de feitiçarias.
O povo colocou Maria Padilha no patamar de Grande Feiticeira após sua morte e não tardou para que se tornasse um espírito muito procurado em busca de favores sentimentais. Após a morte, recebeu grande força de uma enorme egrégora, dado que as bruxas acabaram adotando-a como uma “deusa”. No Brasil, chegou através das bruxas deportadas pelo Santo Ofício (Inquisição). O culto à Maria Padilha e sua influência foi tão grande que a partir dele nasceu toda a linhagem do “culto das Marias”, ou seja, grande parte dos espíritos femininos que se manifestavam adotavam o primeiro nome de Maria como forma de reverenciar Padilha e seu legado.
Fontes
https://www.cartacapital.com.br/blogs/dialogos-da-fe/maria-padilha-ela-e-bonita-ela-e-mulher/
https://estudododia.com.br/biografias/pedro-i-de-castela-quem-foi-ele/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_de_Padilla
Livro: Quimbanda – O culto da chama vermelha e preta, de Danilo Coppini.