Erês: A Alegria Divina da Infância nos Terreiros e a Origem da Festa das Crianças

Dentro dos terreiros de Umbanda e Candomblé, o 27 de setembro é uma data cheia de magia, cores e sorrisos. É o dia em que se celebra os Erês, entidades espirituais que se manifestam com a energia pura e transformadora da infância. Mas quem são esses espíritos encantadores? Qual a origem da tradicional festa das crianças nos terreiros? E como se dá o culto aos Erês dentro dessas religiões?

Neste artigo, vamos mergulhar nesse universo mágico e ancestral que conecta o sagrado à leveza da criança interior.

🌟 Quem são os Erês?

Os Erês (ou Ibejis, no Candomblé) são entidades que representam a infância sagrada. Em sua essência, são espíritos que trazem consigo a leveza, a pureza e a espontaneidade das crianças. Mas é um erro comum vê-los apenas como “espíritos infantis”.

Na Umbanda, os Erês são considerados mensageiros dos Orixás, com uma missão espiritual importante: quebrar resistências emocionais, trazer cura através da simplicidade e renovar energias densas com sua vibração de alegria. Eles são responsáveis por despertar a ternura, dissolver o ego e abrir caminhos com doçura.

No Candomblé, os Erês são ligados diretamente aos Ibejis, os Orixás gêmeos da infância, da dualidade e da completude. Representam o equilíbrio entre os opostos (masculino e feminino, yin e yang) e trazem um poder de realização através da união dos contrários.

🎉 A Origem da Festa das Crianças nos Terreiros

A tradição de celebrar os Erês no dia 27 de setembro vem do sincretismo religioso entre os Ibejis e os santos católicos Cosme e Damião. Esses santos gêmeos são conhecidos por seu amor pelas crianças e por distribuírem doces — algo que influenciou diretamente a forma como essa celebração se consolidou nos terreiros.

Com o tempo, a data se tornou um marco para homenagens aos Erês e também para rituais voltados ao acolhimento da energia infantil dentro dos espaços religiosos afro-brasileiros.

Mais do que uma festa, esse momento é um rito de renovação espiritual, onde se cultiva a pureza da alma e se abre espaço para a cura emocional por meio da energia da infância.

🍬 Como se Cultuam os Erês?

O culto aos Erês é feito com muito carinho, ludicidade e elementos simbólicos que refletem a inocência e a alegria das crianças. As práticas variam de casa para casa, mas geralmente incluem:

🎨 Ambientação:

  • Altares decorados com brinquedos, laços, flores, pirulitos e bexigas;
  • Cores vibrantes como azul, rosa, amarelo e branco são predominantes;
  • Elementos lúdicos como bonecas, carrinhos, ursinhos e doces.

🕯️ Oferendas:

  • Balas, pipocas doces, pirulitos, guaraná, bolos, biscoitos;
  • Comidas geralmente doces e suaves, pois representam a doçura da alma.

🎶 Cantigas e Rituais:

  • Pontos cantados específicos dos Erês;
  • Brincadeiras com os médiuns incorporados;
  • Distribuição de doces para crianças presentes.

👶 Incorporação:

Durante as giras de Erês, os médiuns recebem essas entidades que dançam, brincam, pedem doces, distribuem conselhos em linguagem simbólica e, muitas vezes, conduzem verdadeiras curas emocionais com atitudes aparentemente simples.

👼 Alguns Erês Populares nos Terreiros

Cada terreiro pode ter Erês com nomes e características diferentes, mas alguns são bastante conhecidos:

  • Damiãozinho – Ligado a Cosme e Damião;
  • Tiquinho – Brincalhão e sábio;
  • Mariazinha – Afetuosa e cuidadosa;
  • Joãozinho das Matas – Ligado à natureza;
  • Rosinha – Meiga e carismática;
  • Pedrinho da Praia – Alegre e comunicativo.

Esses nomes refletem a individualidade espiritual de cada entidade, que, mesmo com comportamento infantil, carrega lições profundas de cura, transformação e amor.

A Sabedoria da Criança Interior

Celebrar os Erês é mais do que doar doces e cantar pontos. É um convite à reconexão com a criança interior, com a leveza da alma, com a capacidade de se encantar com a vida. Os Erês ensinam que a verdadeira espiritualidade está na simplicidade, na alegria genuína e na espontaneidade.

Num mundo acelerado e muitas vezes duro, o culto aos Erês nos lembra que é possível curar com amor, brincar com seriedade e transformar a dor com um sorriso.

✨ Conclusão

A festa dos Erês no dia 27 de setembro é uma das celebrações mais doces — em todos os sentidos — dentro das religiões de matriz africana. Mais do que uma homenagem, é uma oportunidade de reconectar-se com o sagrado através do riso, da ternura e da simplicidade.

Que todos nós possamos aprender com os Erês a olhar o mundo com olhos mais leves, confiar mais na vida e carregar no coração a força da alegria verdadeira.

Salve os Ibejis! Salve os Erês!

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Author: itabalago

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