Há poucas histórias e relatos sobre o malandro Zé do Morro. Sabe-se que Zé do Morro é uma entidade ligada à malandragem, como escreve Danilo Coppini (2018, p. 420) em seu livro sobre Quimbanda: “[…] todo Exu que tem o nome ‘Zé’ é conectado aos mistérios de Exu Zé Pelintra e de toda malandragem.”
Conseguimos, entretanto, algumas poucas informações de um vídeo do youtube, onde um médium relata que a entidade contou um pouco sobre sua vida em sonho. O conhecido Zé do Morro atendia pelo nome de José Antonio e viveu durante o século XIX. Ele foi um capoeirista, malandro e galanteador, porém muito bondoso, ajudando pessoas doando alimentos sempre que podia. Durante o dia trabalhava, mas a noite era reservada à boemia, com seu traje costumeiro: uma camiseta listrada e chapéu panamá. Além disso, também carregava um punhal, como muitos na época, para o caso de precisar se defender.
Zé era um homem muito galanteador que ficava com várias mulheres. Um dia, porém, conheceu uma bela mulher pela qual se apaixonou. Havia um único problema: ela era casada com um policial.
Isso não foi empecilho para este malandro. Assim que o marido saía de casa, a mulher chamava Zé para ir à casa dela e ficarem juntos. Certo dia, em uma de suas visitas à casa da amada, um subordinado do marido viu o malandro visitando a esposa e foi correndo contar para seu chefe. O policial não acreditou, mas decidiu começar a ficar de olho.
Uma vez, a mulher pediu para um menino de rua avisar José que seu marido havia saído para trabalhar, mas, assim que ele chegou à casa da mulher, o marido chegou logo em seguida e questionou a visita. Zé, como bom malandro, disse que a mulher havia pedido ajuda para consertar algumas coisas em casa, mas o policial não acreditou e deu uma surra no malandro.
Apesar desse acontecido, Zé não desistiu da amada e as visitas persistiram. Certa noite, já de madrugada, José saiu da casa da moça e o marido o viu. O malandro viu o carro do policial e apertou o passo, entrando em um beco e sendo encurralado. O policial entrou no beco atrás do malandro e atirou, mas não acertou. Zé pegou seu punhal e o esfaqueou no peito, fazendo-o cair no chão. Com o barulho do tiro, o subordinado do policial que estava no carro veio em defesa e deu seis tiros por trás de José, acertando todos. O homem ferido, cambaleando, conseguiu acertar o inimigo, matando-o e falecendo logo em seguida.
Fontes:
COPPINI, Danilo. QUIMBANDA: O culto da Chama Vermelha e Preta. Via Sestra, 2018.