A fascinante origem do Tarô

1. Surgimento como jogo de cartas

  • O Tarô nasceu na Itália do final do século XIV ao início do século XV, em cidades como Milão, Ferrara ou Bolonha, como um sofisticado jogo aristocrático chamado Tarocchi ou carte da trionfi, no qual cartas trunfo (21 mais o Louco) eram adicionadas aos quatro naipes tradicionais (espadas, bastões, copas e ouros) (Wikipédia).
  • A ideia de “trunfo” no Tarô deriva diretamente do termo italiano trionfi, que depois seria traduzido como “trunfo” em português (Wikipédia, Encyclopedia Britannica).
  • Os baralhos Visconti‑Sforza, criados entre 1437‑1442 para as famílias nobres de Milão, representam os mais antigos modelos do Tarô moderno (Wikipédia).

2. Da jogatina ao simbolismo esotérico

  • Durante os primeiros séculos, o Tarô serviu sobretudo como jogo de salão entre a nobreza, sem associação com adivinhação até o século XVIII (Wikipédia).
  • A partir do século XVIII, autores como Antoine Court de Gébelin e Etteilla reinterpretaram o Tarô como um veículo de conhecimento místico, vinculando-o a teorias sobre sabedoria egípcia e cabalística — embora sem base histórica comprovada (sagradotarot.com.br).

🧭 Evolução estrutural e simbólica

Da Itália à França

  • Com a invenção da imprensa no século XV, a produção dos baralhos se espalhou por França e Suíça durante as Guerras Italianas, consolidando estilos como o Tarô de Marselha, de origem milanesa (Acredito Eu).
  • A versão padrão de 78 cartas — com 22 Arcanos Maiores e 56 Arcanos Menores — tornou-se formal apenas no século XVII (sagradotarot.com.br).

Exemplares históricos e variantes

  • O deck Sola-Busca (final do século XV) é o mais antigo totalmente ilustrado, com iconografia fora dos padrões tradicionais (fr.wikipedia.org).
  • Outras variantes históricas incluem os baralhos Minchiate (97 cartas) e Mantegna (50 cartas), inspirados em tradições artísticas, astrológicas e mitológicas da Renascença (sagradotarot.com.br).

🔍 Tarô como ferramenta de auto­conhecimento

Surge a cartomancia moderna

  • Foi Etteilla, em meados do século XVIII, quem criou o primeiro baralho destinado ao uso divinatório, estabelecendo significados interpretativos precisos para cada carta (Wikipédia).
  • No século XIX, esoteristas como Eliphas Lévi associaram os Arcanos Maiores às 22 letras do alfabeto hebraico, integrando o Tarô a sistemas herméticos como a cabala (bornundersaturn.com).

Tarôs modernos e influências culturais

  • No início do século XX, Arthur Edward Waite criou, com Pamela Colman Smith, o Tarot Rider‑Waite‑Smith, o primeiro com ilustrações completas também nos Arcanos Menores, tornando-o mais acessível ao público comum (bornundersaturn.com).
  • Hoje, o Tarô é amplamente usado como ferramenta de espiritualidade, autoconhecimento, inspiração criativa e mindfulness — indo além da adivinhação tradicional (Era Sideral).

📋 Linha do tempo resumida

PeríodoEvento/Transformação
Final século XIV / XVCartas trunfo surgem nas cortes italianas como jogo lúdico
1437–1442Produção dos baralhos Visconti‑Sforza em Milão
Séculos XVI–XVIIPopularização do Tarô na França e Suíça, surgimento do Tarot de Marselha
Final do século XVIIIEtteilla e Gébelin introduzem uso esotérico e cartomântico
Século XIXLévi e Papus incorporam cabala e simbolismo ocultista
Início século XXRider‑Waite populariza o Tarô ilustrado completo
Século XXI‑AtualTarô amplamente usado em terapias, arte, psicologia e espiritualidade

✳️ Por que o Tarô continua tão relevante?

  • Conexão simbólica profunda: cada carta ressoa com arquétipos e narrativas universais, convidando à reflexão interior.
  • Versatilidade de uso: serve tanto para leituras intuitivas quanto para ferramentas de autoconhecimento e expressão criativa.
  • Evolução contínua: novos baralhos, estilos artísticos e abordagens psicológicas mantêm o Tarô atual e significativo no século XXI (sagradotarot.com.br, glamour.com, Astrocentro, elpais.com).

🎯 Conclusão

O Tarô nasceu como um jogo de entretenimento nas cortes renascentistas italianas, tornou-se um objeto artístico de prestígio e, só séculos depois, foi redescoberto como um instrumento simbólico e místico. Da excelência visual dos baralhos Visconti‑Sforza ao uso contemporâneo para introspecção e criatividade, o Tarô se provou resistente às eras. Ele continua a nos fascinar — não pela promessa de prever o futuro, mas por nos convidar a nos conhecer melhor no presente.

🃏 Comparativo dos Decks de Tarô Mais Famosos do Mundo

BaralhoOrigem / CriadorAnoEstilo / ArteEstruturaPrincipal Uso
Rider-Waite-SmithArthur E. Waite & Pamela C. Smith1909Arte simbólica, acessível, cores vivas78 cartas (22+56)Introspecção, leitura intuitiva, iniciantes
Tarô de MarselhaFrança (origem italiana)c. 1650Arte medieval, traços rústicos, cores primárias78 cartas (22+56)Leitura clássica, tradição esotérica europeia
ThothAleister Crowley & Frieda Harris1943Arte mística, simbologia densa, surreal78 cartas (22+56)Cabala, ocultismo, magia cerimonial
Visconti-SforzaBonifacio Bembo (Itália)1437Renascentista, dourado, luxuoso78 cartas (algumas faltantes em versões)História do Tarô, arte, estudo simbólico
Wild UnknownKim Krans (EUA)2012Minimalista, traços naturais, animais78 cartasEspiritualidade moderna, conexão com a natureza
Modern Witch TarotLisa Sterle2019Arte pop feminista, diversidade étnica78 cartasLeitura contemporânea, empoderamento pessoal

✨ Detalhes extras dos principais decks:

🔮 Rider-Waite-Smith (RWS)

  • Prós: Ilustrado completamente (inclusive os Arcanos Menores); ideal para quem está começando.
  • Contribuição histórica: Foi o primeiro deck amplamente ilustrado fora dos Arcanos Maiores, facilitando a leitura intuitiva.
  • Curiosidade: Pamela Colman Smith raramente foi reconhecida até tempos recentes.

🏰 Tarô de Marselha

  • Prós: Base tradicional; estrutura fiel às raízes históricas.
  • Contras: Arcanos Menores sem ilustração narrativa, o que pode dificultar para iniciantes.
  • Usado por: Tarólogos clássicos, estudiosos do esoterismo europeu.

🧠 Thoth Tarot

  • Complexo: Criado por Crowley com foco em simbologia esotérica, astrologia e cabala.
  • Arte: Cores vibrantes, formas abstratas e complexas — excelente para estudos avançados.
  • Observação: Requer estudo aprofundado. Não é o mais indicado para iniciantes.

👑 Visconti-Sforza

  • Histórico: Um dos primeiros baralhos do mundo; feito para nobres italianos.
  • Visual: Dourado, detalhado, com influência artística renascentista.
  • Uso atual: Mais para contemplação, estudo e apreciação estética do que leitura prática.

🌿 The Wild Unknown

  • Estética: Arte feita à mão com lápis e tinta; muito voltado à natureza.
  • Moderno: Bastante popular no Instagram e entre praticantes de espiritualidade contemporânea.
  • Conexão: Traz conexão forte com instintos e intuição.

🧘‍♀️ Modern Witch Tarot

  • Estilo: Inclusivo, com diversidade de corpos, etnias e estilo urbano.
  • Didático: Baseado no RWS, mas atualizado para a cultura pop e feminista.
  • Ideal para: Millennials, terapeutas holísticos, empoderamento feminino.

🎯 Qual escolher?

  • Iniciantes: Rider-Waite-Smith ou Modern Witch Tarot
  • Tradicionalistas: Tarô de Marselha
  • Ocultistas e estudiosos avançados: Thoth Tarot
  • Estéticos / Historiadores: Visconti-Sforza
  • Naturais / Intuitivos: The Wild Unknown
itabalago
Author: itabalago

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